quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Solenidade de Santa Maria mãe de Deus


Como pano de fundo do nosso texto está, portanto, a ideia de que, com a chegada de Jesus, atingimos o centro do tempo salvífico… Em Jesus, a proposta libertadora que Deus tinha para nos oferecer veio ao nosso encontro e materializou-se no meio dos homens; o próprio nome (“Jesus” significa “Jahwéh salva”) que foi dado ao menino, por indicação do anjo que anunciou o seu nascimento, aponta nesse sentido. Por outro lado, o facto de essa “boa notícia” ser dada, em primeiro lugar, aos pastores (classe marginalizada, considerada impura, pecadora e muito longe de Deus e da salvação) significa que a proposta de Jesus se destina, de forma especial, aos pobres e marginalizados, àqueles que a teologia oficial excluía e condenava. Diz-lhes que Deus os ama, que conta com eles e que os convoca para fazer parte da sua família.
Definida a questão essencial, atentemos nas atitudes dos intervenientes e na forma como eles respondem à chegada de Jesus…
Em primeiro lugar, repare-se como os pastores, depois de escutarem a “boa nova” do nascimento do libertador, se dirigem “apressadamente” ao encontro do menino. A palavra “apressadamente” sublinha a ânsia com que os pobres e os marginalizados esperam a acção libertadora de Deus em seu favor. Aqueles que vivem numa situação intolerável de sofrimento e de opressão reconhecem Jesus como o único salvador e apressam-se a ir ao seu encontro. É d’Ele e de mais ninguém que brota a libertação por que os oprimidos anseiam. A disponibilidade de coração para acolher a sua proposta é a primeira coisa que Deus pede.
Em segundo lugar, repare-se como os pastores reagem ao encontro com Jesus… Começam por glorificar e louvar a Deus por tudo o que tinham visto e ouvido: é a alegria pela libertação que se converte em acção de graças ao Deus libertador. Depois, esse louvor torna-se testemunho: quem faz a experiência do encontro com Deus libertador tem, obrigatoriamente, de dar testemunho, a fim de que os outros homens possam participar da mesma experiência gratificante.
Finalmente, atentemos na atitude de Maria: ela “conservava todas estas palavras, meditando-as no seu coração”. É a atitude de quem é capaz de abismar-se com as acções do Deus libertador, com o amor que Ele manifesta nos seus gestos em favor dos homens. “Observar”, “conservar” e “meditar” significa ter a sensibilidade para entender os sinais de Deus e ter a sabedoria da fé para saber lê-los à luz do plano de Deus. É precisamente isso que faziam os profetas.
A atitude meditativa de Maria, que interioriza e aprofunda os acontecimentos, complementa a atitude “missionária” dos pastores, que proclamam a acção salvadora de Deus, manifestada no nascimento de Jesus. Estas duas atitudes definem duas coordenadas essenciais daquilo que deve ser a existência do crente.

A reflexão pode partir dos seguintes elementos:

• No Evangelho que, hoje, nos é proposto fica claro o fio condutor da história da salvação: Deus ama-nos, quer a nossa plena felicidade e, por isso, tem um projecto de salvação para levar-nos a superar a nossa fragilidade e debilidade; e esse projecto foi-nos apresentado na pessoa, nas palavras e nos gestos de Jesus. Temos consciência de que a verdadeira libertação está na proposta que Deus nos apresentou em Jesus e não nas ideologias, ou no poder do dinheiro, ou na posição que ocupamos na escala social? Porque é que tantos dos nossos irmãos vivem afogados no desespero e na frustração? Porque é que tanta gente procura “salvar-se” em programas de televisão que lhes dê uns minutos de fama, ou num consumismo alienante? Não será porque não fomos capazes de lhes apresentar a proposta libertadora de Jesus?

• Diante da “boa nova” da libertação, reagimos – como os pastores – com o louvor e a acção de graças? Sabemos ser gratos ao nosso Deus pelo seu amor e pelo seu empenho em nos libertar da escravidão?

• Os pastores, após terem tomado contacto com o projecto libertador de Deus, fizeram-se “testemunhas” desse projecto. Sentimos, também, o imperativo do testemunho? Temos consciência de que a experiência da libertação é para ser passada aos nossos irmãos que ainda a desconhecem?

• Maria “conservava todas estas palavras e meditava-as no seu coração”. Quer dizer: ela era capaz de perceber os sinais do Deus libertador no acontecer da vida. Temos, como ela, a sensibilidade de estar atentos à vida e de perceber a presença – discreta, mas significativa, actuante e transformadora – de Deus, nos acontecimentos mais ou menos banais do nosso dia a dia?

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

O padeiro espanhol


Objetivo do tema: Crer e experimentar o amor pessoal e incondicional de Deus, que é nosso Pai.


Durante a guerra civil espanhola, muitos espanhóis emigraram para o México.  Entre eles veio um jovem de 18 anos, Venâncio Fernandez.   O único problema que Fernando não teve durante a penosa travessia foi ter que pagar excesso de bagagem.  Trazia apenas duas camisas e uma calça remendada.

Chegou a Vera Cruz, onde começou a trabalhar em uma tenda de conterrâneos de um tio seu.   Anos após, casou-se e montou uma padaria na cidade de Puebla.   Com muito sacrifício, esforço e economias conseguiu juntar um pouco de capital e transferiu-se para a cidade do México com toda a sua família, onde continuou com seu trabalho de padeiro.   As pessoas já não mais o chamavam “Venâncio”.  Agora era “Senhor Venâncio”: pessoa honrada e respeitada que fumava um grosso charuto e poupava o máximo possível.

Ao completar 20 anos de sua chegada ao México, uma agência de viagens mostrou-lhe como seria econômico levar sua família até a Espanha de navio.  Havia uma promoção especial para famílias e ele não podia perder esta oportunidade.


Promoção_Viagem_famiulia_navio

A esposa do Senhor Venâncio, que aproveitava todas as ofertas, convenceu seu marido a gastar algumas economias em uma tranquila excursão pela Espanha.

Entretanto o Senhor Venâncio pretendendo economizar o mais possível no trajeto marítimo, antes de embarcar em Vera Cruz fez, na sua padaria, alguns pães bastante grandes, comprou uns 15 quilos de queijo e embarcou rumo a terra de seus antepassados.

No primeiro dia, todos comeram, com satisfação, o pão fresquinho com fatias de queijo novinho.  No dia seguinte, tão satisfeitos estavam que não fizeram qualquer restrição em repetir o mesmo cardápio de pão com queijo.   Depois, comeram queijo com pão, e, depois ainda pão com queijo.   No quinto dia, comeram pão, queijo e pão, e, no outro dia, pão e queijo.  No fim da semana, seus rostos tinham uma cor amarelada de queijo.  Ninguém chegava perto deles, crendo que estivessem com hepatite.

Por fim, no dia em que chegavam ao porto espanhol, deram-se conta de que o esforço para comer aquele pão mais os enfraquecia do que fortalecia.  A esposa do senhor Venâncio convenceu-o, então, de que deveriam celebrar a sua chegada à Espanha com um jantar delicioso e farto no restaurante de primeira classe do navio.  De uma coisa estavam certos; nessa noite não comeriam nem pão e nem queijo.

- Onde seria o restaurante da primeira classe?  Perguntou o senhor Venâncio ao comandante da tripulação.

- Permita-me ver sua passagem – pediu o oficial.

- Puxa! – reagiu o senhor Venâncio.  – Eu vou pagar, que para isso tenho me matado de trabalhar nesses vinte anos.

- Desculpe – respondeu o oficial.  – Mas no restaurante de primeira classe só podem entrar passageiros com bilhete de primeira classe.

Com o mau humor característico de um espanhol quando é contrariado, e com o rosto ainda mais amarelo, o senhor Venâncio tirou do fundo do bolso uma passagem toda amarrotada,  e que, ao ser desdobrada, soltou um forte cheiro de queijo.

O oficial leu-o lentamente: “Venâncio Fernández”.

E Depois, com uma cara de espanto, exclamou!

- Puxa! Senhor Venâncio, sua família tem uma passagem maravilhosa.

- Sua passagem inclui três refeições diárias no restaurante de primeira classe durante toda a viagem!


Primeira classe 2Primeira classe

Conclusão:

O mesmo acontece conosco, Cristo já pagou para que tenhamos direito a uma Vida Nova.   Temos a “passagem” do Batismo bem guardado, e não vivemos como reis, sacerdotes e profetas, como deveríamos,  e é a isso que essa passagem nos dá direito.  Ao contrário, temos feito nossa parte: a mistura do pão duro da tristeza com o queijo da amargura e da monotonia, não aproveitando que Cristo já pagou por nós, com seu sangue precioso.  E, o pior, é isso que damos à nossa família e a todos que nos rodeiam, ignorando o nosso bilhete formidável.

Nossas Considerações:

“Tudo que é meu, é teu…”

Simples assim… disse a seu filho mais velho o Pai do filho pródigo quando ele se recusava a entrar em casa quando seu irmão festejava seu retorno para a casa do Pai.  Mas, qual era o motivo pelo qual o filho mais velho se recusava a festejar com seu irmão perdido?

- Ele respondeu: O Senhor jamais me deu um cabritinho sequer para que eu festejasse com meus amigos!

A quem pertencia este cabritinho?

- De acordo com a resposta do Pai no destaque acima, este “cabritinho” ou aquele Boi cevado, a casa e toda a propriedade pertenceria a seu filho mais velho e ele teria pleno poder de decisão sobre qualquer bem que ali existisse, e, neste caso ele poderia ter matado o cabritinho ou até mesmo aquele boi cevado para comemorar e se alegrar com seus amigos e ele nunca sequer teve coragem de tomar essa atitude ou de pedir a seu Pai que lhe concedesse essa graça e a pergunta que permanece no ar seria:

Por que o filho mais velho jamais usufruiu dos benefícios de seus bens materiais?

Ninguém saberia esta resposta, tanto porque, esta resposta não cabe ao filho mais velho pronuncia-la e sim a você!

Sim…

A você que vive triste e abatido, mendigando uma migalhinha de pão que cai da mesa de seu Senhor ou a você rico e poderoso que mesmo possuindo a melhor padaria da cidade jamais experimentou um pedaço de pão, ambos são iguais em um único ponto, a falta de pão em sua mesa, por motivos diferentes, mas o mesmo problema em comum.

Pelo primeiro ou pelo segundo motivo ambos os filhos precisavam do amor e da misericórdia de seu Pai para completarem o vazio e a necessidade que possuíam em suas vidas, assim como também na história do Padeiro Espanhol, mesmo ele comprando um pacote de viagem maravilhoso para sua Família não usufruiu de seus direitos por falta de conhecimento e por falta de generosidade para com sua Família e neste caso em particular o que mais lhe faltou foi mesmo a generosidade, pois se tivesse levado a sua Família ao restaurante de primeira classe no primeiro dia teria descoberto os seus direitos e os teria usufruído a viagem toda, sendo assim, precisamos abrir nossos olhos para entender o que Deus pede de nós ou simplesmente nos revela neste texto, para que possamos a partir de agora começar a usufruir os verdadeiros Dons de Deus em nossas vidas, sejam eles materiais ou espirituais, porque “Nem só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus”.

sábado, 13 de dezembro de 2014

Dia de Santa Luzia


Compartilhe este conteúdo:
3142

Santa Luzia ou Lúcia
Século IV

13 de Dezembro - Santa Luzia ou Lúcia

Somente em 1894 o martírio da jovem Luzia, também chamada Lúcia, foi devidamente confirmado, quando se descobriu uma inscrição escrita em grego antigo sobre o seu sepulcro, em Siracusa, Nápoles. A inscrição trazia o nome da mártir e confirmava a tradição oral cristã sobre sua morte no início do século IV.

Mas a devoção à santa, cujo próprio nome está ligado à visão ("Luzia" deriva de "luz"), já era exaltada desde o século V. Além disso, o papa Gregório Magno, passado mais um século, a incluiu com todo respeito para ser citada no cânone da missa. Os milagres atribuídos à sua intercessão a transformaram numa das santas auxiliadoras da população, que a invocam, principalmente, nas orações para obter cura nas doenças dos olhos ou da cegueira.

Diz a antiga tradição oral que essa proteção, pedida a santa Luzia, se deve ao fato de que ela teria arrancado os próprios olhos, entregando-os ao carrasco, preferindo isso a renegar a fé em Cristo. A arte perpetuou seu ato extremo de fidelidade cristã através da pintura e da literatura. Foi enaltecida pelo magnífico escritor Dante Alighieri, na obra "A Divina Comédia", que atribuiu a santa Luzia a função da graça iluminadora. Assim, essa tradição se espalhou através dos séculos, ganhando o mundo inteiro, permanecendo até hoje.

Luzia pertencia a uma rica família napolitana de Siracusa. Sua mãe, Eutíquia, ao ficar viúva, prometeu dar a filha como esposa a um jovem da Corte local. Mas a moça havia feito voto de virgindade eterna e pediu que o matrimônio fosse adiado. Isso aconteceu porque uma terrível doença acometeu sua mãe. Luzia, então, conseguiu convencer Eutíquia a segui-la em peregrinação até o túmulo de santa Águeda ou Ágata. A mulher voltou curada da viagem e permitiu que a filha mantivesse sua castidade. Além disso, também consentiu que dividisse seu dote milionário com os pobres, como era seu desejo.

Entretanto quem não se conformou foi o ex-noivo. Cancelado o casamento, foi denunciar Luzia como cristã ao governador romano. Era o período da perseguição religiosa imposta pelo cruel imperador Diocleciano; assim, a jovem foi levada a julgamento. Como dava extrema importância à virgindade, o governante mandou que a carregassem à força a um prostíbulo, para servir à prostituição. Conta a tradição que, embora Luzia não movesse um dedo, nem dez homens juntos conseguiram levantá-la do chão. Foi, então, condenada a morrer ali mesmo. Os carrascos jogaram sobre seu corpo resina e azeite ferventes, mas ela continuava viva. Somente um golpe de espada em sua garganta conseguiu tirar-lhe a vida. Era o ano 304.

Para proteger as relíquias de santa Luzia dos invasores árabes muçulmanos, em 1039, um general bizantino as enviou para Constantinopla, atual território da Turquia. Elas voltaram ao Ocidente por obra de um rico veneziano, seu devoto, que pagou aos soldados da cruzada de 1204 para trazerem sua urna funerária. Santa Luzia é celebrada no dia 13 de dezembro e seu corpo está guardado na Catedral de Veneza, embora algumas pequenas relíquias tenham seguido para a igreja de Siracusa, que a venera no mês de maio também.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

As velas do Advento

Eu Sou a Luz do mundo (Jo 12, 8)
A vela sempre teve um significado especial para o homem, sobretudo porque antes de ser descoberta a eletricidade ela era a vitória contra a escuridão da noite. À luz das velas São Jerônimo traduzia a Bíblia do grego e do hebraico para o latim, nas grutas escuras de Belém onde Jesus Cristo nasceu.
Em casa, a noite, quando falta a energia, todos correm atrás de uma vela e de um fósforo, ainda hoje.
Acender velas nos faz lembrar também a festa judaica de “Chanuká”, que celebra a retomada da Cidade de Jerusalém pelos irmãos macabeus das mãos dos gregos do rei Antíoco IV.
Antes da era cristã os pagãos celebravam em Roma a festa do deus Sol Invencível (Dies solis invicti) no  solstício de inverno, em 25 de dezembro. A Igreja sabiamente começou a celebrar o Natal de Jesus neste dia, para mostrar que Cristo é o verdadeiro Deus, o verdadeiro Sol, que traz nos seus raios a salvação. É a festa da luz que é o Cristo: “Eu Sou a Luz do mundo” (Jo 12, 8). No Natal desceu a nós a verdadeira Luz “que ilumina todo homem que vem a este mundo” (Jo 1, 9).
Na chama da vela estão presentes as forças da natureza e da vida. Cada vela marca um ano de nossa vida no bolo de aniversário. Para nós cristãos simbolizam a fé, o amor e  o trabalho realizado em prol do Reino de Deus. Velas são vidas que se imolam na liturgia do amor a Deus e ao próximo. Tudo isso foi levado para a liturgia do Advento. Com ramos de pinheiro uma coroa com quatro velas prepara os corações para a chegada do Deus Menino.
Nessas quatro semanas somos convidados a esperar Jesus que vem. É um tempo de preparação e de alegre espera do Senhor. Nas duas primeiras semanas do Advento, a liturgia nos convida a vigiar e esperar a vinda gloriosa do Salvador. Nas duas últimas, a Igreja nos faz lembrar a espera dos Profetas e de Maria pelo nascimento de Jesus.
A Coroa é o primeiro anúncio do Natal. O verde é o sinal de esperança e vida, enfeitada com uma fita vermelha que simboliza o amor de Deus que se manifesta de maneira suprema no nascimento do Filho de Deus humanado. A branca significa a paz que o Menino Deus veio trazer; a roxa clara (ou rosa) significa a alegria de sua chegada.
A Coroa é composta de quatro velas nos seus cantos presas aos ramos formando um círculo. O círculo não tem começo e nem fim, é símbolo da eternidade de Deus e do reinado eterno do Cristo. A cada domingo acende-se uma delas.
As quatro velas do Advento simbolizam as grandes etapas da salvação em Cristo. No primeiro domingo do Advento, acendemos a primeira vela que simboliza o perdão a Adão e Eva. Cristo desceu a Mansão dos mortos para dar-lhes o perdão. No segundo domingo, a segunda vela, acesa coma primeira, representa a fé dos Patriarcas: Abraão, Isaac, Jacó, que creram na Promessa da Terra Prometida, a Canaã dos hebreus; dali nasceria o Salvador, a Luz do Mundo. A terceira vela, acessa com as duas primeiras, simboliza a alegria do rei Davi, o rei que simboliza o Messias porque reuniu sob seu reinado todas as tribos de Israel, assim como Cristo reunirá em si todos os filhos de Deus. É o domingo da alegria. Esta vela têm uma cor mais alegre, o rosa ou roxo claro. A última vela simboliza os Profetas, que anunciaram um reino de paz e de justiça que o Messias traria. É a vela branca.
Tudo isso para nos lembrar o que anunciou o Profeta: “Um renovo sairá do tronco de Jessé, e um rebento brotará de suas raízes. Sobre ele repousará o Espírito do Senhor, Espírito de sabedoria e de entendimento, Espírito de prudência e de coragem, Espírito de ciência e de temor ao Senhor.” (Is 11,1-2).
“O povo que andava nas trevas viu uma grande luz; sobre aqueles que habitavam uma região tenebrosa resplandeceu uma luz. Vós suscitais um grande regozijo, provocais uma imensa alegria; rejubilam-se diante de vós como na alegria da colheita, como exultam na partilha dos despojos. 3. Porque o jugo que pesava sobre ele, a coleira de seu ombro e a vara do feitor, vós os quebrastes, como no dia de Madiã. Porque todo calçado que se traz na batalha, e todo manto manchado de sangue serão lançados ao fogo e tornar-se-ão presa das chamas; porque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado; a soberania repousa sobre seus ombros, e ele se chama: Conselheiro admirável, Deus forte, Pai eterno, Príncipe da paz. Seu império será grande e a paz sem fim sobre o trono de Davi e em seu reino. Ele o firmará e o manterá pelo direito e pela justiça, desde agora e para sempre. Eis o que fará o zelo do Senhor dos exércitos” (Is 9,1-6).

sábado, 6 de dezembro de 2014

Dia da Imaculada

08 de Dezembro - Dia de N.Sra. da Imaculada Conceição

A Imaculada Conceição é uma festa litúrgica da Igreja Católica celebrada em 8 de Dezembro. A afirmação da Imaculada Conceição de Maria pertence à fé cristã. É um dogma da Igreja que foi definido no século XIX, após longa história de reflexão e de amadurecimento.

Imaculada Conceição de Maria significa que a Virgem Maria foi preservada do pecado original desde o primeiro instante de sua existência. Nascendo, há dois mil anos, na zona da Palestina, Nossa Senhora teve como pais São Joaquim e Santa Ana.
A maternidade divina de Maria é base e origem de sua imaculada conceição. A razão de Maria ser preservada do pecado original reside em sua vocação: ser Mãe de Jesus Cristo, o Filho de Deus que assumiu nossa natureza humana.
Ainda que de maneira implícita, a Igreja encontrou na Bíblia os fundamentos desta doutrina. Em seu Evangelho, São Lucas diz que Maria é “cheia de graça” (Lc 1,28), significando que ela está plena do favor de Deus, da graça divina. Se está totalmente possuída por Deus, não há, em sua vida e coração, lugar para o pecado.

O dogma de Nossa Senhora foi proclamado pelo papa Pio IX, em 1854, resultado da devoção popular aliada a intervenções papais e infindáveis debates teológicos.

No Brasil existem cerca de 533 paróquias dedicadas à Virgem Imaculada. A primeira imagem chegou em uma das naus de Pedro Álvares Cabral. O culto à Imaculada Conceição no Brasil teve início na Bahia, quando Tomé de Souza chegou a Salvador trazendo uma escultura da santa. Ela foi protetora do nosso país no período colonial e foi proclamada Padroeira do Império Brasileiro por D.Pedro I. Já no despontar do século XX o título cedeu lugar a Nossa Senhora de Aparecida, que é uma antiga imagem da Imaculada Conceição encontrada nas águas do rio Paraíba do Sul.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

O que é discernimento dos espiritos

O discernimento é uma habilidade ou capacidade dada por Deus de se reconhecer a identidade (e muitas vezes, a personalidade e a condição) dos “espíritos” que estão por detrás de diferentes manifestações ou atividades. Este dom, essencial à Igreja, é geralmente concedido aos pastores do rebanho de Deus e aos que estão em posição de guardar e de guiar os santos.
Como podemos ver na definição acima, esse dom de Deus nos ajuda, portanto, a perceber a origem de uma intuição, de um pensamento, a causa de um comportamento – especialmente quando este se nos apresenta de forma estranha. O discernimento, assim, é um dom “protetor da comunidade e protetor de todos os outros dons”.
Como dom [discernimento dos espíritos], não procede das capacidades simplesmente humanas nem das deduções científicas que possamos ter adquirido. “O discernimento é intuição pela qual sabemos o que é, verdadeiramente, do Espírito Santo”.
O discernimento também pode ser visto como uma espécie de visão ou sensibilidade; é uma revelação espiritual da operação de diferentes tipos de espíritos numa pessoa ou numa situação; é o meio pelo qual Deus faz os cristãos tomarem consciência do que está acontecendo.
Após todas estas definições, podemos nos perguntar: Qual o benefício esse dom nos traz ao ser usado de forma adequada? Como utilizá-lo? Como deve ser utilizado pelas pessoas, quando estas vivem situações complexas? Como elas devem proceder a partir da orientação certa e segura que o discernimento lhes deu?
O uso do dom do discernimento
O carisma em estudo nos permite agir de forma correta em um fato ou situação que temos em mãos, no momento. Permite-nos identificar a causa dessa situação especial, podendo, assim, nos levar à raiz, ao princípio que a move, que a origina, encaminhando à situação acertada e feliz.
O uso do dom nos ajuda, portanto, a conhecer o espírito, isto é, o princípio animador (anima = o que anima, move, movimenta, etc.). Com ele, podemos chegar, com facilidade, à origem de uma inspiração e confirmar de onde esta pode vir:
– Se provém de Deus (ou de Deus por meio de Seus anjos, os Seus mensageiros);
– Se tem origem na mente humana (a qual pode estar sã, doentia, desequilibrada ou alterada);
– Se provém dos espíritos maus (do demônio ou de influências espirituais maléficas).
O discernimento ajuda-nos, ainda, a distinguir o certo do errado, o verdadeiro do falso, orientando nossas vidas na fé e doutrina de Jesus Cristo. O Senhor tem para nós esse grande dom, esse precioso dom, que é o discernimento dos espíritos. Embora ele seja um dom, embora nos seja dado gratuitamente, é resultado, também, da nossa caminhada. Precisamos caminhar e amadurecer e o que nos torna maduros é a perseverança, a oração, a Palavra de Deus e a docilidade. E com a maturidade vem também o discernimento dos espíritos.
Que Deus dê a você esse grande dom. Você pode orar agora: Senhor Jesus, peço o discernimento dos espíritos. Preciso muito desse dom para não confundir todas as coisas. Não quero saber de nada de mau, não quero saber confundir. Quero ser guiado, conduzido, orientado pelo Senhor. Dá-me, Senhor, o dom do discernimento dos espíritos. Amém!
Peço para você a graça da caminhada, do crescimento, para que venha a trilhar o seu caminho com perseverança. Peço que, amadurecido, crescido e arraigado em Jesus, que você tenha todo discernimento para poder servir ao Senhor cada vez melhor; como bom e prudente e a quem o Senhor pode confiar o que tem de mais precioso.
Vinde, Espírito Santo, e dai-nos o dom de discernir.

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Por que o Verbo se fez carne

Deus se fez homem e veio morar conosco; dignou-se assumir a nossa humanidade para nos resgatar do pecado e da morte. O Infinito se fez finito; o Forte se fez fraco, o Imortal se revestiu de nossa mortalidade. É o maior acontecimento da História da humanidade; mas infelizmente muitos a desconhecem; e outros, pior ainda, a deprezam e zombam dela.A Encarnação do Verbo, Filho de Deus, não significa que Jesus Cristo seja em parte Deus e em parte homem, nem que ele seja uma mistura do divino com o humano. Ele é verdadeiramente homem permanecendo verdadeiro Deus. Ele assimiu a natureza humana sem perder a divindade. São João Crisóstomo (†407), o grande santo doutor da Igreja, mártir patriarca de Constantinopla, rezava:
“Ó Filho Único e Verbo de Deus, sendo imortal, vos dignastes por nossa salvação encarnar-vos da Santa Mãe de Deus e sempre Virgem Maria, vós que sem mudança vos tomastes homem e fostes crucificado, ó Cristo Deus, que por vossa morte esmagastes a morte, sois Um da Santíssima Trindade, glorificado com o Pai e o Espírito Santo, salvai-nos!”.
A liturgia do Advento diz que “Ele veio uma primeira vez revestido de nossa fragilidade para realizar seu eterno plano de amor e abrir-nos o caminho da salvação. Revestido de sua glória ele virá uma segunda vez para conceder-nos em plenitude os bens prometidos que hoje, vigilantes, esperamos”.
O Verbo se fez carne para “tornar-nos participantes da vida divina” (2Pe 1,4).
Santo Irineu (†202) disse:
“Pois esta é a razão pela qual o Verbo se fez homem, e o Filho de Deus, Filho do homem: é para que o homem, entrando em comunhão com o Verbo e recebendo, assim, a filiação divina, se torne filho de Deus”. (Adv. haer. 3, 19,1)
O Verbo se fez carne para a nossa salvação.
O Credo niceno-constantinopolitano, confessa:
“E por nós, homens, e para nossa salvação, desceu dos céus e se encarnou pelo Espírito Santo, no seio da Virgem Maria, e se fez homem” .
O grande santo e Padre da Igreja, São Gregório de Nissa, do século IV, expressou bem:
“Doente, nossa natureza precisava ser curada; decaída, ser reerguida; morta, ser ressuscitada. Havíamos perdido a posse do bem, era preciso no-la restituir. Enclausurados nas trevas, era preciso trazer-nos à luz; cativos, esperávamos um salvador; prisioneiros, um socorro; escravos, um libertador. Essas razões eram sem importância? Não eram tais que comoveriam a Deus a ponto de fazê-lo descer até nossa natureza humana para visita-la, uma vez que a humanidade se encontrava em um estado tão miserável e tão infeliz?” (Cat. §457)
“Foi Ele que nos amou e enviou-nos seu Filho como vítima de expiação por nossos pecados” (1Jo 4,10). “O Pai enviou seu Filho como o Salvador do mundo” (1Jo 4,14). “Este apareceu para tirar os pecados” (1Jo 3,5).
A Carta aos Hebreus fala deste mistério profundo; sacrifícios de animais, e mesmo de um simples homem, não poderia salvar a humanidade; então o Verbo se fez homem.
“Por isso, ao entrar no mundo, ele afirmou: Não quiseste sacrifício e oferenda. Tu, porém, formaste-me um corpo. Holocaustos e sacrifícios pelo pecado não foram de teu agrado. Por isso eu digo: Eis-me aqui… para fazer a tua vontade”. (Hb 10,5-7; Sl 40,7-9)”
O Verbo se fez carne para que conhecêssemos o amor de Deus.
“Nisto manifestou-se o amor de Deus por nós: Deus enviou seu Filho Único ao mundo para que vivamos por Ele” (1 Jo 4,9). “Pois Deus amou tanto o mundo, que deu seu Filho Único, a fim de que todo o que crer nele não pereça, mas tenha a Vida Eterna” (Jo 3,16).
O Verbo se fez carne para ser nosso modelo de santidade.
“Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim…” (Mt 11,29). “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida; ninguém vem ao Pai a não ser por mim” (Jo 14,6). E o Pai, no monte da Transfiguração, ordena: “Ouvi-o” (Mc 9,7). Jesus é o modelo e a norma da Nova Lei: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei” (Jo 15,12).
A fé na Encarnação do Filho de Deus é a marca fundamental da fé cristã. São João disse:
“Quem é mentiroso senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? Esse é o Anticristo, que nega o Pai e o Filho” (1Jo 2, 22) “Todo espírito que não proclama Jesus esse não é de Deus, mas é o espírito do Anticristo de cuja vinda tendes ouvido, e já está agora no mundo”. (1 Jo 4,3).

jesus,encarnação do Verbo Filho de Deus

Não basta lembrar que Jesus está vivo entre nós, como consequência do seu Natal que celebramos recentemente. Muitos teem com frequência  o nome de Jesus nos lábios, mas não conhecem este Jesus na profundeza de seu mistério.

Jesus é, para a maioria dos católicos, apenas uma lembrança herdada de tradições familiares, não porém calcada na alma com o vigor da fé evangélica. 

Grande número de nossos fiéis nem sequer se deram à curiosidade de ler e aprofundar, por exemplo, o prólogo do Evangelho de João, que é a revelação fundamental e mais bela sobre Jesus Verbo Encarnado.

É imprescindível ler e meditar, rezando, esta página, para sentir quem é Jesus que nasceu para nós. Já citamos, em artigo anterior, os textos essenciais sobre o Verbo que se fez carne. Mas alguns outros tópicos foram omitidos e que merecem ser meditados.

Retomemos Jo 1, 3-6: “Ele estava no princípio junto de Deus. Tudo fora feito por meio dele, e sem ele nada foi feito de tudo o que existe. Nele estava a vida e a vida era a luz dos homens. E a luz brilha nas trevas e as trevas não a compreenderam.”

São fulgurantes estes tópicos. Devem  penetrar fundo em nossos corações. Que nos dizem eles?  

Primeiro, que o Verbo, antes de se encarnar e ser Jesus, estava junto de Deus. A Bíblia Ecumênica (Ed. Loyola, 1994) dá-nos uma tradução que merece ser considerada. É esta: “Ele estava, no início, voltado para o Pai.” É a atitude de relacionamento divino do Filho único com o Pai. Exprime o “ser” do próprio Verbo.  Os Padres da Igreja diziam que o “ser”do Verbo consistia em esse ad Patrem, o que significa estar volvido para o Pai.  Belíssima explicação que nos chama a contemplar o Verbo de Deus! 

E ao dizer o texto, na sequência, que “tudo foi feito pelo Verbo e que sem ele nada foi feito”, exprime-se que o Verbo (Logos em grego) é a Sabedoria. Sem sua infinita Sabedoria, como haveria Deus de criar do nada as maravilhas do universo? Pondera Santo Atanásio: “Porque, se o movimento dos seres criados se fizesse desordenadamente e o mundo girasse ao acaso, com toda a razão se negaria crédito ao que declaramos. Mas, se com medida, sabedoria e ciência o mundo foi criado e enriquecido de toda beleza, não há como fugir que este criador e aperfeiçoador é o próprio Verbo de Deus.”

Atente-se agora para o que diz depois o texto: “No Verbo estava  a vida e a vida era luz.”  Que vida?  Que  luz?
Sem dúvida, a vida que estava no Verbo era a vida de Deus. Vida substancial, fontal, sem a qual nenhuma vida existiria no universo.

Esta vida é também luz, para iluminar as criaturas humanas, que não conheciam o seu Deus verdadeiro. Por isso, continua o texto: “E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não compreenderam”. (Jo 1, 5)

O evangelista evoca que o mundo era trevas em contraposição à luz. Trevas do paganismo, do pecado, da idolatria, da ignorância de Deus. O mundo não tinha noções da divindade, que “habita numa luz inacessível” (1Tim 6,16)

Esta luz, que não podia ser vista tornou-se acessível em seu Verbo que se encarnou e se fez homem. Diz o evangelista: “Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens, e a luz brilha nas trevas e as trevas não a compreenderam.”(Jo 1, 4 e 5)

A tradução dessa passagem evangélica não pode ser, como muitos textos traduzem: “A luz  brilhou nas trevas.” A Nova Vulgata latina reza: “et  lux  in tenebris  lucet ( no presente), e não luxit ( que é pretérito do verbo lucere ).

Lucet-brilha significa que o Verbo de Deus está sempre a brilhar, desde a eternidade. Luz que não se apaga. Mas, mesmo iluminando sempre, os homens não a enxergaram, quando ela chegou no mundo em forma humana.

Hoje ainda, celebrando o Natal, grande número de católicos continuam nas trevas do consumismo, das práticas supersticiosas de uma religião às vezes misturada com espiritismo. Não celebram a Luz, nem  recebem a Vida de Deus.

Os versículos 12-14 de João põem às claras o que é receber a Vida, o Verbo, que Jesus  Filho de Deus Encarnado vem nos trazer. Ele ensina: “Todos quantos, entretanto, o receberam, ele lhes deu o poderem tornar-se filhos de Deus: é isto o que acontece aos que crêem em seu nome. Eles foram gerados não do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.”

Esta é a Vida que o Verbo que se tornou Jesus veio trazer às criaturas humanas: fazê-los filhos de Deus. Não filhos pela carne e pelo sangue, como a vida natural que já temos . Trata-se da vida sobrenatural, “participação da natureza divina”, como ensinou mais tarde o Apóstolo Pedro.(2 Pe.1,4)

Noutros termos, é a vida da graça de Deus. Esta graça está em Jesus na sua plenitude. Por isso, conclui o evangelista: “De sua plenitude todos nós recebemos, graça por graça.”(Jo 1, 16).

Jesus, Verbo Deus entre nós, é um grande mistério. A Igreja, através de seus teólogos e doutores, sempre denominou este mistério Encarnação.

Ensina-nos o CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA: “Retomando a expressão de S. João (“O Verbo se fez carne”(Jo 1,14)) a Igreja denomina “Encarnação” o fato de o Filho de Deus ter assumido uma natureza humana para realizar a nossa salvação.”( n. 461),  E, em o n. 463: “A fé na Encarnação verdadeira do Filho de Deus é o sinal distintivo da fé cristã: “Nisto reconheceis o Espírito de Deus: Todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio na carne é de Deus”.(1Jo 4,2). Esta é a alegre convicção da Igreja desde seu começo, quando canta “o grande mistério da piedade”: “Ele foi manifestado na  carne.”(1 Tm 3,16)

Não se pode confundir Encarnação com Reencarnação, entendendo com os kardecistas que Jesus se reencarnou, procedente de outras encarnações, nas quais se purificou até se tornar o mais perfeito e elevado espírito da raça humana. Este modo de pensar é grosseiro entendimento. Não há reencarnações, nunca se deram, como cientificamente já foi provado. (Cf.  Geraldo E. Dallegrave – REENCARNAÇÃO, Ed. Loyola, pgs. 24 a 26; 32 a 37 inclusive; 52 a 60.)

Muito diferente o ensino da Igreja a respeito da Encarnação. A Igreja professa, no Credo rezado ou cantado nas Missas mais solenes, a respeito do Verbo divino: “Et incarnatus est de Maria Virgine et homo factus est.”

O Verbo Filho de Deus tornou-se homem no seio da Virgem Maria. A natureza humana incorporou-se nele. Ele uniu nossa humanidade à sua divindade. E, como ensina o Apóstolo Paulo, o Verbo feito homem tornou-se  “o primogênito entre muitos irmãos.” (Ro 8,29)

É bom que se leia todo o texto do Apóstolo, a partir do v. 28: “Sabemos que tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu desígnio. Pois aos que ele conheceu desde sempre também os predestinou a se configurarem com a imagem de seu Filho, para que este seja o primogênito numa multidão de irmãos.”

Esta a doutrina verdadeira, que nos enche de felicidade, emoções e gratidão ao comemorar o Natal de Jesus. Somos filhos de Deus, irmãos de Jesus Cristo e predestinados à salvação.

Advento, Preparando-se para o Natal.


O tempo do Advento é uma preparação para a vinda do Senhor Jesus no Natal, tem uma duração de quatro semanas.

Começa com as vésperas do domingo mais próximo ao 30 de novembro e termina antes das vésperas do Natal. Os domingos deste tempo se chamam 1º, 2º, 3º, e 4º do Advento. Os dias 16 a 24 de dezembro (Novena de Natal) tendem a preparar mais especificamente as festas do Natal.

Podemos distinguir dois períodos. No primeiro deles, que se estende desde o primeiro domingo do Advento até o dia 16 de dezembro, aparece com maior relevo o aspecto escatológico e nos é orientado à espera da vinda gloriosa de Cristo.

As leituras da Missa convidam a viver a esperança na vinda do Senhor em todos os seus aspectos: sua vinda ao fim dos tempos, sua vinda agora, cada dia, e sua vinda há dois mil anos.

No segundo período, que abarca desde 17 até 24 de dezembro, inclusive, se orienta mais diretamente à preparação do Natal. Somos convidados a viver com mais alegria, porque estamos próximos do cumprimento do que Deus prometera. Os evangelhos destes dias nos preparam diretamente para o nascimento de Jesus. Com a intenção de fazer sensível esta dupla preparação de espera, a liturgia suprime durante o Advento uma série de elementos festivos. Desta forma, na Missa já não rezamos o Glória. Se reduz a música com instrumentos, os enfeites festivos, as vestes são de cor roxa, o decorado da Igreja é mais sóbrio, etc. Todas estas coisas são uma maneira de expressar tangivelmente que, enquanto dura nosso peregrinar, nos falta alo para que nosso gozo seja completo. E quem espera, é porque lhe falta algo. Quando o Senhor se fizer presente no meio do seu povo, haverá chegado a Igreja à sua festa completa, significada pela Solenidade do Natal.



Temos quatro semanas nas quais de domingo a domingo vamos nos preparando para a vinda do Senhor. A primeira das semanas do Advento está centralizada na vinda do Senhor ao final dos tempos. A liturgia nos convida a estar em vela, mantendo uma especial atitude de conversão. A segunda semana nos convida, por meio do Batista a “preparar os caminhos do Senhor”; isso é, a manter uma atitude de permanente conversão. Jesus segue chamando-nos, pois a conversão é um caminho que se percorre durante toda a vida. A terceira semana preanuncia já a alegria messiânica, pois já está cada vez mais próximo o dia da vinda do Senhor. Finalmente, a quarta semana nos fala do advento do Filho de Deus ao mundo. Maria é figura central, e sua espera é modelo e estímulo da nossa espera.

Quanto às leituras das Missas dominicais, as primeiras leituras são tomadas de Isaías e dos demais profetas que anunciam a Reconciliação de Deus e, a vinda do Messías. Nos três primeiros domingos se recolhem as grandes esperanças de Israel e no quarto, as promessas mais diretas do nascimento de Deus. Os salmos responsoriais cantam a salvação de Deus que vem; são orações pedindo sua vinda e sua graça. As segundas leituras são textos de São Paulo ou das demais cartas apostólicas, que exortam a viver em espera da vinda do Senhor.

A cor dos paramentos do altar e as vestes do sacerdote é o roxo, igual à da Quaresma, que simboliza austeridade e penitencia. São quatro os temas que se apresentam durante o Advento:


I Domingo


Dez_Virgens_Lampada_acesa

A vigilância na espera da vinda do Senhor. Durante esta primeira semana as leituras bíblicas e a prédica são um convite com as palavras do Evangelho: “Velem e estejam preparados, pois não sabem quando chegará o momento”. É importante que, como uma família, tenhamos um propósito que nos permita avançar no caminho ao Natal; por exemplo, revisando nossas relações familiares. Como resultado deveremos buscar o perdão de quem ofendemos e dá-lo a quem nos tem ofendido para começar o Advento vivendo em um ambiente de harmonia e amor familiar. Desde então, isto deverá ser extensivo também aos demais grupos de pessoas com as quais nos relacionamos diariamente, como o colégio, o trabalho, os vizinhos, etc. Esta semana, em família da mesma forma que em cada comunidade paroquial, acenderemos a primeira vela da Coroa do Advento, de cor roxa, como sinal de vigilância e desejo de conversão.


II Domingo



A conversão, nota predominante da predica de João Batista. Durante a segunda semana, a liturgia nos convida a refletir com a exortação do profeta João Batista: “Preparem o caminho, Jesus chega”. Qual poderia ser a melhor maneira de preparar esse caminho que busca a reconciliação com Deus? Na semana anterior nos reconciliamos com as pessoas que nos rodeiam; como seguinte passo, a Igreja nos convida a acudir ao Sacramento da Reconciliação (Confissão) que nos devolve a amizade com Deus que havíamos perdido pelo pecado. Acenderemos a segunda vela roxa da Coroa do Advento, como sinal do processo de conversão que estamos vivendo.

Durante esta semana poderíamos buscar nas diferentes igrejas mais próximas, os horários de confissões disponíveis, para quando cheguar o Natal, estejamos bem preparados interiormente, unindo-nos a Jesus e aos irmãos na Eucaristia.


III Domingo



O testemunho, que Maria, a Mãe do Senhor, vive, servindo e ajudando ao próximo. Na sexta-feira anterior a esse Domingo é a Festa da Virgem de Guadalupe, e precisamente a liturgia do Advento nos convida a recordar a figura de Maria, que se prepara para ser a Mãe de Jesus e que além disso está disposta a ajudar e a servir a todos os que necessitam. O evangelho nos relata a visita da Virgem à sua prima Isabel e nos convida a repetir como ela: “quem sou eu para que a mãe do meu Senhor venha a visitar-me?
Sabemos que Maria está sempre acompanhando os seus filhos na Igreja, pelo que nos dispomos a viver esta terceira semana do Advento, meditando sobre o papel que a Virgem Maria desempenhou. Propomos que fomentar a devoção à Maria, rezando o Terço em família. Acendemos como sinal de esperança gozosa a terceira vela, de cor rosa, da Coroa do Advento.


IV Domingo


camel-graphics-night-stars-3d-1350x2400

O anúncio do nascimento de Jesus feito a José e a Maria. As leituras bíblicas e a prédica, dirigem seu olhar à disposição da Virgem Maria, diante do anúncio do nascimento do Filho dela e nos convidam a “aprender de Maria e aceitar a Cristo que é a Luz do Mundo”. Como já está tão próximo o Natal, nos reconciliamos com Deus e com nossos irmãos; agora nos resta somente esperar a grande festa. Como família devemos viver a harmonia, a fraternidade e a alegria que esta próxima celebração representa. Todos os preparativos para a festa deverão viver-se neste ambiente, com o firme propósito de aceitar a Jesus nos corações, as famílias e as comunidades. Acenderemos a quarta vela da Coroa do Advento, de cor roxa.