domingo, 31 de maio de 2015

Santissima Trindade

Trindade ou Santíssima Trindade é a doutrina acolhida pela maioria das igrejas cristãs que professa a Deus único preconizado em três pessoas distintas: o Paio Filho e o Espírito Santo. Para os seus defensores, é um dos dogmas centrais da fé cristã, e considerado ummistério. Tais denominações consideram-se monoteístas. O judaísmo e o islamismo, bem como algumas denominações cristãs, não aceitam a doutrina trinitária.
A criação e imposição do dogma da Trindade datam do Primeiro Concílio de Niceia e do posterior Credo Niceno-Constantinopolitano, que reinou sem maiores questionamentos por um longo período. Mas, mesmo antes desse evento histórico, a Trindade já era contestada e, novamente após a Reforma Protestante, a origem, o significado e a justificativa da doutrina trinitária vão sendo constantemente interpeladas, com os filósofos questionando a autoconsistência da doutrina. À partir da década de 1960, com a filosofia analítica da religião e depois com a teologia analítica, os filósofos cristãos buscam justificar o dogma através de formulações mais precisas, numa tentativa de lhe dar autoconsistência e, consequentemente, maior facilidade para defendê-lo através de "reconstruções racionais", as quais usam conceitos oriundos da metafísica analítica, da lógica e da epistemologia.
A doutrina trinitária professa que o conceito da existência de um só Deus, onipotenteonisciente e onipresente, revelado em três pessoas distintas, pode-se depreender de muitos trechos da Bíblia. Um dos exemplos mais referidos é o relato sobre o batismo deJesus, em que as chamadas "três pessoas da Trindade" se fazem presentes, com a descida do Espírito Santo sobre Jesus, sob a forma de uma pomba, e com a voz do Pai Celeste dizendo:
  • «Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo»2
  • E na fórmula tardia de Mateus:3 «Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo».
  • No relato em que a Trindade se revelaria por três anjos que apareceram a Abraão próximo ao Carvalho de Mambré (Gn 18,ss)
  • Na criação do homem se apresenta um criador plural": «Façamos o homem a nossa imagem e semelhança»"(Gn 1,26)
  • No episódio da torre de Babel o Senhor Deus fala no plural: "«Vamos: Desçamos para lhes confundir a linguagem, de sorte que já não se compreendam um ao outro.»”(Gn 11,7)
Ainda segundo os defensores da doutrina trinitariana, ao longo da Bíblia há várias passagens que revelam a natureza divina da Trindade, e até a personalidade de cada uma das três pessoas divinas:
  • No que concerne à divindade de Deus-Filho, referem-se, por exemplo, a sua onisciência, a sua onipotência, a sua onipresença,ao fato de perdoar os pecados e ser doador da vida em íntima unidade, porém diferenciando as pessoas: «Eu e o Pai somos um». Contudo, mais do que estas simples passagens isoladas, a afirmação da plena divindade de Jesus é o resultado da reflexão, na Fé, sobre a sua missão redentora contida nas Escrituras - pois a sua personalidade divina e humana nunca foi seriamente posta em descrédito pela igreja cristã seja ela católica ou protestante.
  • No que concerne à divindade do Espírito Santo, os trinitarianos reportam-se, por exemplo, à passagem bíblica que o chama de Deus em Atos, a sua onisciência, a sua onipotência, a sua onipresença e sobretudo ao fato de ser Espírito "de" verdade e "de" vida, prerrogativas que, tais como as apresentadas para Deus-Filho, segundo a Bíblia são única e exclusivamente divinas;
  • No que concerne à personalidade do Espírito Santo, a terceira pessoa da Trindade, assunto que foi muito debatido ao longo dos primeiros séculos do cristianismo, é comum referirem-se aos atributos deste que, tal como os que no Antigo Testamento são aduzidos para a personalidade do Deus do Antigo Testamento, YHVH - cuja divindade e personalidade nunca foram alvo de críticas substanciadas entre os cristãos -, testemunham o seu caracter pessoal: Ele glorificará Cristo; ensina a comunidade e os fieis, distribui os dons segundo o seu desígnio, fala nas Escrituras do Antigo Testamento, fala para as sete Igrejas na carta do Apocalipse é enviado pelo Pai em nome de Jesus e pelo Filho que enviou da parte do Pai aparecendo como distinto de ambos pois não é Cristo sob outra forma de existência, mas seu representante e testemunha. Mais importante do que as passagens isoladas é o conjunto que o revela como Aquele que tem a missão de recordar, universalizar e realizar em cada pessoa a obra de Jesus, o que não ocorre mecanicamente, mas somente onde houver a liberdade do Espírito, dado que «onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade». Para os cristão trinitários, esta liberdade do Espírito exclui que este possa ser um princípio impessoal, um meio ou instrumento, mas antes pressupõe a sua independência relativa.

terça-feira, 21 de abril de 2015

Pentecostes "Tempo do Espirito Santo"

O QUE É A FESTA DE PENTECOSTES?

Pentecostes vem da palavra grega pentekosté e significa quinquagésimo.

A Festa de Pentecostes acontece sete semanas depois da Páscoa – mais exatamente, 50 dias – e dura um dia. Inicialmente, na “Festa da Colheita”, como era conhecida, os judeus ofereciam a melhor parte de suas colheitas a Javé. Depois, passaram a comemorar Pentecostes como a “renovação da Aliança” entre Deus e seu povo, após a primeira Aliança no monte Sinai (Os 10 mandamentos).
No antigo calendário israelita (Êxodo 23.14-17; 34.18-23) estão relacionadas três Festas:
a) Páscoa, celebrada junto à Festa dos Ázimos, entregava-se uma ovelha nascida naquele ano;
b) Festa das Colheitas ou Semanas, entregava-se uma porção dos primeiros grãos colhidos. Esta festa recebeu, a partir do domínio Grego, o nome de Pentecostes. A partir das reformas de Esdras e Neemias (9,1 – 10,39), em meados do século V a.C., a Festa de Pentecostes passou a celebrar o Dom da Lei no Sinai, a festa da Aliança entre Deus e o povo.
c) Festa dos Tabernáculos, onde o povo oferecia os primeiros frutos da colheita de frutas, como uva, tâmara e figo, especialmente.
As duas primeiras celebrações foram adotadas pelo cristianismo, porém, a terceira foi relegada ao esquecimento.
No Antigo Testamento, a liturgia mais desenvolvida dessa Festa encontra-se em Lv 23.15-21. Porém, Dt 16.9-15 mostra uma outra liturgia que reflete um diferente período e, conseqüentemente, um novo ambiente de celebração. Este estudo tomará como base essas duas liturgias.
O NOME ORIGINAL
Pentecostes não é o nome próprio da segunda festa do antigo calendário bíblico, no Antigo Testamento (Ex 23.14-17; 34.18-23). Originalmente, essa festa é referida com vários nomes:
a) Festa da Colheita ou Sega - no hebraico, hag haqasir.
Por se tratar de uma colheita de grãos, trigo e cevada, essa festa ganhou esse segundo nome. Provavelmente, hag haqasir é o nome original (Ex 23.16).
b) Festa das Semanas - no hebraico, hag xabu´ot.
A razão desse nome está no período de duração dessa celebração: sete semanas. O início da festa se dá 50 dias depois da Páscoa, com a colheita da cevada; o encerramento acontece com a colheita do trigo (Dt 34.22; Nm 28.26; Dt 16.10).
c) Dia das Primícias dos Frutos - no hebraico yom habikurim.
Este nome tem sua razão de ser na entrega de uma oferta voluntária, a Deus, dos primeiros frutos da terra colhidos naquela sega (Nm 28.26). Provavelmente, a oferta das primícias acontecia em cada uma das três tradicionais festas do antigo calendário bíblico.
Nos últimos trezentos anos do período do Antigo Testamento, os gregos assumiram o controle do mundo, impondo sua língua, que se tornou muito popular entre os judeus. Os nomes hebraicos hag haqasir e hag xabu´ot foram substituídos pela denominação Pentecostes. O nome ganhou popularidade a partir desse período. Era uma festa não só de alegria e de encontro das famílias, como também de partilha com os mais necessitados.
Com base nas tradições e nos costumes judaicos a respeito de Pentecostes, Lucas construiu sua narrativa para falar de um novo Pentecostes: a presença do Espírito Santo guiando a missão dos evangelizadores no anúncio do Reino de Deus e da Nova Aliança.
Assim, cinquenta dias após a Páscoa, a Festa de Pentecostes celebra o dom do Espírito Santo enviado por Deus à Igreja. A promessa de Jesus aos seus discípulos se realiza: "Recebereis o poder do Espírito Santo que virá sobre vós, para serdes minhas testemunhas em Jerusalém, por toda a Judéia e Samaria, e até os confins da terra" (At 1,8).
O Catecismo da Igreja Católica diz que: "No dia de Pentecostes (no termo das sete semanas pascais), a Páscoa de Cristo completou-se com a efusão do Espírito Santo, que se manifestou, se deu e se comunicou como Pessoa Divina: da Sua plenitude, Cristo Senhor derrama em profusão o Espírito" (CIC, n. 731).
O NOVO PENTECOSTES

Jerusalém é o lugar onde termina o tempo de Jesus e começa o tempo do Espírito Santo. Os Atos de Jesus começam na Galiléia e terminam em Jerusalém. Os Atos dos Apóstolos começam em Jerusalém e vão até os confins do mundo. Portanto, Jerusalém é ponto de chegada e ponto de partida. É o lugar da manifestação do Espírito Santo de Deus, que encoraja os Apóstolos e os discípulos de Jesus para a missão.

No dia de Pentecostes, os discípulos estavam reunidos em Jerusalém. Depois dos acontecimentos da Páscoa, ficaram cheios de medo. Viviam em grupos separados e desligados do mundo. Jesus ressuscitado aparece, reúne e une esses grupos (At 2,1). A partir dessa unidade construída em torno da mesma fé, e com o apoio espiritual de Maria Santíssima, é que o Espírito Santo vem sobre eles (At 1,14). Assim, aquele grupo de homens e mulheres amedrontados adquiriu a consciência de ser uma comunidade, isto é, o corpo místico de Cristo. Todos sentiram que Jesus estava entre eles, mais ainda do que antes, porque, na realidade, Jesus não mais estava com eles, estava neles.
 
A Igreja se manifestou publicamente e começou a difundir o Evangelho mediante a pregação acompanhada de sinais, prodígios e milagres.
SÍMBOLOS
a) A ÁGUA
Significa o nascimento e a fecundidade da vida nova dada pelo Espírito Santo. O simbolismo da água é significativo da ação do Espírito Santo no Batismo, pois que, após a invocação do Espírito Santo, ela torna-se o sinal sacramental eficaz do novo nascimento. Do mesmo modo que a gestação do nosso primeiro nascimento se operou na água, assim a água batismal significa realmente que o nosso nascimento para a vida divina nos é dado no Espírito Santo. Mas, «batizados num só Espírito», «a todos nos foi dado beber de um único Espírito» (1 Cor 12, 13): portanto, o Espírito é também pessoalmente a Água Viva que brota de Cristo crucificado como da sua fonte, e jorra em nós para a vida eterna.
b) O FOGO
Simboliza a força transformadora dos atos do Espírito Santo. O profeta Elias, que "surgiu como um fogo cuja palavra queimava como uma tocha" (Eclo 48,1), por sua oração atrai o fogo do céu sobre o sacrifício do monte Carmelo, figura do fogo do Espírito Santo que transforma o que toca.
João Batista, que caminha diante do Senhor à exemplo do mesmo profeta Elias (Lc 1,17), anuncia o Cristo como aquele que "batizará com o Espírito Santo e com o fogo" (Lc 3,16), esse Espírito do qual Jesus dirá: "Vim trazer fogo à terra, e quanto desejaria que já estivesse acesso” (Lc 12,49).
É sob a forma de línguas (de fogo) que o Espírito Santo pousa sobre os discípulos na manhã de Pentecostes e os enche de Seu poder. A tradição espiritual manterá este simbolismo do fogo como um dos mais expressivos da ação do Espírito Santo. Dirá São Paulo: “Não extingais o Espírito" (1Ts 5,19). (CIC 696)
c) O VENTO
O QUE É A FESTA DE PENTECOSTES?
Pentecostes vem da palavra grega pentekosté e significa quinquagésimo.
A Festa de Pentecostes acontece sete semanas depois da Páscoa – mais exatamente, 50 dias – e dura um dia. Inicialmente, na “Festa da Colheita”, como era conhecida, os judeus ofereciam a melhor parte de suas colheitas a Javé. Depois, passaram a comemorar Pentecostes como a “renovação da Aliança” entre Deus e seu povo, após a primeira Aliança no monte Sinai (Os 10 mandamentos).
No antigo calendário israelita (Êxodo 23.14-17; 34.18-23) estão relacionadas três Festas:
a) Páscoa, celebrada junto à Festa dos Ázimos, entregava-se uma ovelha nascida naquele ano;
b) Festa das Colheitas ou Semanas, entregava-se uma porção dos primeiros grãos colhidos. Esta festa recebeu, a partir do domínio Grego, o nome de Pentecostes. A partir das reformas de Esdras e Neemias (9,1 – 10,39), em meados do século V a.C., a Festa de Pentecostes passou a celebrar o Dom da Lei no Sinai, a festa da Aliança entre Deus e o povo.
c) Festa dos Tabernáculos, onde o povo oferecia os primeiros frutos da colheita de frutas, como uva, tâmara e figo, especialmente.
As duas primeiras celebrações foram adotadas pelo cristianismo, porém, a terceira foi relegada ao esquecimento.
No Antigo Testamento, a liturgia mais desenvolvida dessa Festa encontra-se em Lv 23.15-21. Porém, Dt 16.9-15 mostra uma outra liturgia que reflete um diferente período e, conseqüentemente, um novo ambiente de celebração. Este estudo tomará como base essas duas liturgias.
O NOME ORIGINAL
Pentecostes não é o nome próprio da segunda festa do antigo calendário bíblico, no Antigo Testamento (Ex 23.14-17; 34.18-23). Originalmente, essa festa é referida com vários nomes:
a) Festa da Colheita ou Sega - no hebraico, hag haqasir.
Por se tratar de uma colheita de grãos, trigo e cevada, essa festa ganhou esse segundo nome. Provavelmente, hag haqasir é o nome original (Ex 23.16).
b) Festa das Semanas - no hebraico, hag xabu´ot.
A razão desse nome está no período de duração dessa celebração: sete semanas. O início da festa se dá 50 dias depois da Páscoa, com a colheita da cevada; o encerramento acontece com a colheita do trigo (Dt 34.22; Nm 28.26; Dt 16.10).
c) Dia das Primícias dos Frutos - no hebraico yom habikurim.
Este nome tem sua razão de ser na entrega de uma oferta voluntária, a Deus, dos primeiros frutos da terra colhidos naquela sega (Nm 28.26). Provavelmente, a oferta das primícias acontecia em cada uma das três tradicionais festas do antigo calendário bíblico.
Nos últimos trezentos anos do período do Antigo Testamento, os gregos assumiram o controle do mundo, impondo sua língua, que se tornou muito popular entre os judeus. Os nomes hebraicos hag haqasir e hag xabu´ot foram substituídos pela denominação Pentecostes. O nome ganhou popularidade a partir desse período. Era uma festa não só de alegria e de encontro das famílias, como também de partilha com os mais necessitados.
Com base nas tradições e nos costumes judaicos a respeito de Pentecostes, Lucas construiu sua narrativa para falar de um novo Pentecostes: a presença do Espírito Santo guiando a missão dos evangelizadores no anúncio do Reino de Deus e da Nova Aliança.
Assim, cinquenta dias após a Páscoa, a Festa de Pentecostes celebra o dom do Espírito Santo enviado por Deus à Igreja. A promessa de Jesus aos seus discípulos se realiza: "Recebereis o poder do Espírito Santo que virá sobre vós, para serdes minhas testemunhas em Jerusalém, por toda a Judéia e Samaria, e até os confins da terra" (At 1,8).
O Catecismo da Igreja Católica diz que: "No dia de Pentecostes (no termo das sete semanas pascais), a Páscoa de Cristo completou-se com a efusão do Espírito Santo, que se manifestou, se deu e se comunicou como Pessoa Divina: da Sua plenitude, Cristo Senhor derrama em profusão o Espírito" (CIC, n. 731).
O NOVO PENTECOSTES

Jerusalém é o lugar onde termina o tempo de Jesus e começa o tempo do Espírito Santo. Os Atos de Jesus começam na Galiléia e terminam em Jerusalém. Os Atos dos Apóstolos começam em Jerusalém e vão até os confins do mundo. Portanto, Jerusalém é ponto de chegada e ponto de partida. É o lugar da manifestação do Espírito Santo de Deus, que encoraja os Apóstolos e os discípulos de Jesus para a missão.

No dia de Pentecostes, os discípulos estavam reunidos em Jerusalém. Depois dos acontecimentos da Páscoa, ficaram cheios de medo. Viviam em grupos separados e desligados do mundo. Jesus ressuscitado aparece, reúne e une esses grupos (At 2,1). A partir dessa unidade construída em torno da mesma fé, e com o apoio espiritual de Maria Santíssima, é que o Espírito Santo vem sobre eles (At 1,14). Assim, aquele grupo de homens e mulheres amedrontados adquiriu a consciência de ser uma comunidade, isto é, o corpo místico de Cristo. Todos sentiram que Jesus estava entre eles, mais ainda do que antes, porque, na realidade, Jesus não mais estava com eles, estava neles.
 
A Igreja se manifestou publicamente e começou a difundir o Evangelho mediante a pregação acompanhada de sinais, prodígios e milagres.
SÍMBOLOS
a) A ÁGUA
Significa o nascimento e a fecundidade da vida nova dada pelo Espírito Santo. O simbolismo da água é significativo da ação do Espírito Santo no Batismo, pois que, após a invocação do Espírito Santo, ela torna-se o sinal sacramental eficaz do novo nascimento. Do mesmo modo que a gestação do nosso primeiro nascimento se operou na água, assim a água batismal significa realmente que o nosso nascimento para a vida divina nos é dado no Espírito Santo. Mas, «batizados num só Espírito», «a todos nos foi dado beber de um único Espírito» (1 Cor 12, 13): portanto, o Espírito é também pessoalmente a Água Viva que brota de Cristo crucificado como da sua fonte, e jorra em nós para a vida eterna.
b) O FOGO
Simboliza a força transformadora dos atos do Espírito Santo. O profeta Elias, que "surgiu como um fogo cuja palavra queimava como uma tocha" (Eclo 48,1), por sua oração atrai o fogo do céu sobre o sacrifício do monte Carmelo, figura do fogo do Espírito Santo que transforma o que toca.
João Batista, que caminha diante do Senhor à exemplo do mesmo profeta Elias (Lc 1,17), anuncia o Cristo como aquele que "batizará com o Espírito Santo e com o fogo" (Lc 3,16), esse Espírito do qual Jesus dirá: "Vim trazer fogo à terra, e quanto desejaria que já estivesse acesso” (Lc 12,49).
É sob a forma de línguas (de fogo) que o Espírito Santo pousa sobre os discípulos na manhã de Pentecostes e os enche de Seu poder. A tradição espiritual manterá este simbolismo do fogo como um dos mais expressivos da ação do Espírito Santo. Dirá São Paulo: “Não extingais o Espírito" (1Ts 5,19). (CIC 696)
c) O VENTO
O vento atua sem ser visto, está presente sem se conseguir agarrar, “sopra onde quer, ninguém sabe de onde vem nem para onde vai, mas todos escutam a sua voz” (Jo 3, 8). O profeta Elias, escondido com medo da rainha Jezabel, é na brisa suave do vento que percebe a presença de Javé (1Rs 19, 13). O profeta Ezequiel descreve a visão de um campo de ossos ressequidos aos quais Deus envia uma brisa suave, um vento que os percorre e revigora trazendo-os à vida (Ez 37, 1-10). Espírito em hebraico diz-se Ruah, que significa sopro, aragem. E tem também o significado de hálito ou sopro de vida.
O Ruah Javé (Espírito de Deus) é o hálito que sai da boca de Deus como alento de vida: “Deus insuflou no barro amassado o seu Ruah – hálito, alento, respiração – e o Homem tornou-se um Vivente! (Gn 2, 7). Também Jesus Ressuscitado “Soprou sobre os Apóstolos, dizendo-lhes: Recebei o Espírito Santo!” (Jo 20, 22). Sim, o Espírito Santo é o alento de Vida de Jesus Ressuscitado.

Tempo da Pascoa

Tempo da Páscoa
– É neste tempo que a Igreja celebra a sua maior festa: a Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo.
– Neste período, a Igreja se reveste de plena alegria pela Ressurreição de Cristo, que para nós se tornou primícia de Salvação.
– A festa da ressurreição é preparada através do Tríduo Pascal, que reúne como se fosse em uma única celebração, toda a Paixão, Morte e Ressurreição do Salvador.
– No Tríduo, nós temos a sexta-feira da Paixão, o Sábado Santo ou da Vigília Pascal e o Domingo da Ressurreição.

Tempo Pascal de 2015

O Domingo da Ressurreição ou de Páscoa é a festa mais importante para todos os católicos, já que com a Ressurreição de Jesus é quando adquire sentido toda nossa religião.
Cristo triunfou sobre a morte e com isto nos abriu as portas do Céu. Na Missa dominical recordamos de uma maneira especial esta grande alegria. Acende-se o Círio Pascal que representa a luz de Cristo ressuscitado e que permanecerá acesso até o dia da Ascensão, quando Jesus sobe ao Céu.
A Ressurreição de Jesus é um fato histórico, cujas provas entre outras, são o sepulcro vazio e os numerosos aparecimentos de Jesus Cristo a seus apóstolos.
Quando celebramos a Ressurreição de Cristo, estamos celebrando também nossa própria libertação. Celebramos a derrota do pecado e da morte.
Na Ressurreição encontramos a chave da esperança cristã: se Jesus esta vivo e esta junto a nos, “que podemos temer?”, “que nos pode preocupar?”.
Qualquer sofrimento adquire sentido com a Ressurreição, pois devemos estar seguros que, depois de uma curta vida na terra, se somos fieis, chegaremos a uma vida nova e eterna, na qual gozaremos de Deus para sempre.
São Paulo nos diz: “Se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé.” (I Coríntios 15,14).
Se Jesus não ressuscitasse, suas palavras ficariam no ar, suas promessas ficariam sem se cumprir e duvidaríamos que fosse realmente Deus.
Mas, como Jesus ressuscitou, então sabemos que venceu a morte e o pecado; sabemos que Jesus é Deus, sabemos que nós ressuscitaremos também, sabemos que ganhou para nós a vida eterna e desta maneira, toda nossa vida adquire sentido.
A Ressurreição é fonte de profunda alegria. A partir dela, nos os cristãos não podemos viver mais com faces tristes. Devemos ter face de ressuscitados, demonstrar ao mundo nossa alegria porque Jesus venceu a morte.
A Ressurreição é uma luz para os homens e cada cristão deve irradiar essa mesma luz a todos os homens os fazendo partícipes da alegria da Ressurreição por meio de suas palavras, seu testemunho e seu trabalho apostólico.
Devemos estar verdadeiramente alegres pela Ressurreição de Jesus Cristo, nosso Senhor. Neste tempo de Páscoa que começa, devemos aproveitar todas as graças que Deus nos dá para crescer em nossa fé e seremos melhores cristãos. Vivamos com profundidade este tempo.
Com o Domingo de Ressurreição começa o Tempo Pascal, no qual recordamos o tempo que Jesus permaneceu com os apóstolos antes de subir aos céus, durante a festa da Ascensão.
A festa da Páscoa é tão importante, que em um só dia não é suficiente para festeja-la. Por isso a Igreja fixou uma oitava de Páscoa (oito dias) para contemplar a Ressurreição e um Tempo Pascal (cinquenta dias) para seguir festejando a Ressurreição do Senhor..

domingo, 15 de março de 2015

Por que 40 dias da Quaresma

O que é a Quaresma? Desde quando se vive a Quaresma? Qual o sentido da Quaresma? 
Chamamos Quaresma ao período de quarenta dias (quadragesima) dedicado à preparação da Páscoa. Desde o século IV manifesta-se a tendência para a apresentar como tempo de penitência e de renovação para toda a Igreja, com a prática do jejum e da abstinência.

“Todos os anos, pelos quarenta dias da Grande Quaresma, a Igreja une-se ao mistério de Jesus no deserto”(Catecismo da Igreja Católica, 540). Ao propor aos seus fiéis o exemplo de Cristo que se retira para o deserto, prepara-se para a celebração das solenidades pascais, com a purificação do coração, uma prática perfeita da vida cristã e uma atitude penitencial.

Contemplar o mistério
Não podemos considerar esta Quaresma como uma época mais, repetição cíclica do tempo litúrgico; este momento é único; é uma ajuda divina que é necessário aproveitar. Jesus passa ao nosso lado e espera de nós - hoje, agora - uma grande mudança. 
Cristo que passa, 59

Quando começa e termina o tempo da Quaresma? Quais os dias e os tempos penitenciais? O que se deve viver nas sextas-feiras da Quaresma? 
A Quaresma começa na quarta-feira de Cinzas e termina imediatamente antes da Missa Vespertina in Coena Domini (quinta-feira Santa). “Na Igreja universal são dias e tempos penitenciais todas as sextas-feiras do ano (em memória da morte do Senhor) e o tempo da Quaresma.” (Código de Direito Canónico, 1250)
Estes tempos são particularmente apropriados para os exercícios espirituais, as liturgias penitenciais, as peregrinações em sinal de penitência, as privações voluntárias como o jejum e a esmola, a partilha fraterna (obras caritativas e missionárias).
Catecismo da Igreja Católica, 1438 

Lembrando o dia em que Jesus Cristo morreu, “Guarde-se a abstinência de carne ou de outro alimento segundo as determinações da Conferência episcopal, todas as sextas-feiras do ano, a não ser que coincidam com algum dia enumerado entre as solenidades; a abstinência e o jejum na quarta-feira de Cinzas e na sexta-feira da Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo.” (Código de Direito Canónico, 1251).

Contemplar o mistério
O chamamento do Bom Pastor chega até nós: Ego vocavi te nomine tuo, Eu chamei-te, a ti, pelo teu nome! É preciso responder - amor com amor se paga - dizendo-Lhe Ecce ego quia vocasti me - chamaste por mim e aqui estou! Estou decidido a que não passe este tempo de Quaresma como passa a água sobre as pedras, sem deixar rasto. Deixar-me-ei empapar, transformar; converter-me-ei, dirigir-me-ei de novo ao Senhor, querendo-Lhe como Ele deseja ser querido. 
Cristo que passa, 59

O que é a quarta-feira de Cinzas? Quando começou a prática da imposição das cinzas? Quando se benzem e se impõem? De onde provêm as cinzas?Que simbolizam as cinzas?
A quarta-feira das Cinzas é o princípio da Quaresma, dia especialmente penitencial, em que os cristãos manifestam o desejo pessoal de conversão a Deus. A imposição das cinzas é um convite a percorrer o tempo da Quaresma como uma imersão mais consciente e mais intensa no mistério pascal de Jesus, na sua morte e ressurreição, mediante a participação na Eucaristia e na vida de caridade. A origem da imposição das cinzas pertence à estrutura da penitência canónica. Começa a ser obrigatória para toda a comunidade cristã a partir do século X. A liturgia atual conserva os elementos tradicionais: imposição das cinzas e jejum rigoroso.

A imposição das cinzas é um convite a percorrer o tempo da Quaresma como uma imersão mais consciente e mais intensa no mistério pascal de Jesus, na sua morte e ressurreição, mediante a participação na Eucaristia e na vida de caridade.
A bênção e imposição das cinzas realiza-se dentro da Missa, depois da homilia, embora em circunstâncias especiais se possa fazer dentro de uma celebração da Palavra. As fórmulas de imposição das cinzas inspiram-se na Sagrada Escritura (Gn 3, 19 e Mc 1, 15). As cinzas procedem dos ramos benzidos no Domingo da Paixão do Senhor, do ano anterior, seguindo um costume que remonta ao século XII. A fórmula da bênção lembra a condição de pecadores de quem as vai receber. Simboliza a condição débil e caduca do homem, que caminha para a morte, a sua situação pecadora, a oração e a prece ardente para que o Senhor venha em seu auxílio, a Ressurreição, já que o homem está destinado a participar do triunfo de Cristo.


Contemplar o mistério
Quanto mais de Cristo fores, maior graça terás para a tua eficácia na terra e para a felicidade eterna.
Mas tens de decidir-te a seguir o caminho da entrega: a Cruz às costas, com um sorriso nos lábios, com uma luz na alma.
Via Sacra, II Estação, Jesus toma a sua Cruz

A Igreja na Quaresma convida a quê?
A Igreja convida os seus fiéis a fazerem deste tempo como que um retiro espiritual em que o esforço de meditação e de oração deve ser sustentado por um esforço de mortificação pessoal cuja medida é deixada à livre generosidade de cada um.
Bem vivida, a Quaresma conduz a uma conversão pessoal autêntica e profunda, a fim de participar na festa maior do ano: o Domingo da Ressurreição do Senhor.


Contemplar o mistério
Há no ambiente uma espécie de medo da cruz, da Cruz do Senhor. Tudo porque começaram a chamar cruzes a todas as coisas desagradáveis que acontecem na vida, e não sabem aceitá-las com sentido de filhos de Deus, com visão sobrenatural.
Até tiram as cruzes que os nossos avós levantaram nos caminhos!
Na Paixão, a Cruz deixou de ser símbolo de castigo para se converter em sinal de vitória. A Cruz é o emblema do Redentor: in quo est salus, vita et ressurrectio nostra, ali está a nossa salvação, a nossa vida e a nossa ressurreição.
Via Sacra, II Estação: Jesus toma a sua Cruz 

O que é a penitência? De que modo a penitência se revela na vida cristã?
A penitência é a tradução latina da palavra grega metanoia que na Bíblia significa conversão (mudança espiritual) do pecador. Designa todo um conjunto de atos interiores e exteriores dirigidos à reparação do pecado cometido, e o estado das coisas que daí redunda para o pecador. À letra, mudança de vida diz-se do ato do pecador que volta a Deus depois de ter estado afastado d’Ele, o do incrédulo que alcança a Fé.

“A penitência interior do cristão pode ter expressões muito variadas. A Escritura e os Padres insistem sobretudo em três formas: o jejum, a oração e a esmola que exprimem a conversão, em relação a si mesmo, a Deus e aos outros. A par da purificação radical operada pelo Batismo ou pelo martírio, citam, como meios de obter o perdão dos pecados, os esforços realizados para se reconciliar com o próximo, as lágrimas de penitência, a preocupação com a salvação do próximo, a intercessão dos santos e a prática da caridade «que cobre uma multidão de pecados» (1 Pe 4, 8)" Catecismo da Igreja Católica, n.1434

Estas e muitas outras formas de penitência podem praticar-se na vida quotidiana do cristão, em particular no tempo da Quaresma e nas sextas-feiras, dia penitencial. Compêndio do Catecismo, 301

Contemplar o mistério
A conversão é coisa de um instante; a santificação é tarefa para toda a vida. A semente divina da caridade, que Deus pôs nas nossas almas, aspira a crescer, a manifestar-se em obras, a dar frutos que correspondam em cada momento ao que é agradável ao Senhor. Por isso, é indispensável estarmos dispostos a recomeçar, a reencontrar - nas novas situações da nossa vida - a luz, o impulso da primeira conversão. E essa é a razão pela qual havemos de nos preparar com um exame profundo, pedindo ajuda ao Senhor para podermos conhecê-Lo melhor e conhecer-nos melhor a nós mesmos. Não há outro caminho para nos convertermos de novo. 
Cristo que passa, 58
A conversão é coisa de um instante; a santificação é tarefa para toda a vida. A semente divina da caridade, que Deus pôs nas nossas almas, aspira a crescer, a manifestar-se em obras.

O que é a conversão? Porque têm de se converter os cristãos já batizados?
Converter-se é reconciliar-se com Deus, afastar-se do mal, para restabelecer a amizade com o Criador. Supõe e inclui o arrependimento e a Confissão de todos e de cada um dos nossos pecados. Uma vez em graça (sem consciência de pecado mortal), devemos propor-nos mudar a partir de dentro (em atitudes) tudo aquilo que não agrada a Deus.

O apelo de Cristo à conversão continua a fazer-se ouvir na vida dos cristãos. Esta segunda conversão é uma tarefa ininterrupta para toda a Igreja, que «contém pecadores no seu seio» e que é, «ao mesmo tempo, santa e necessitada de purificação, prosseguindo constantemente no seu esforço de penitência e de renovação» (LG 8). Este esforço de conversão não é somente obra humana. É o movimento do «coração contrito» (Sl 51, 18) atraído e movido pela graça (cf. Jn 6,44; 12,32) para responder ao amor misericordioso de Deus, que nos amou primeiro (cf 1 Jn 4,10).
Catecismo da Igreja Católica, 1428 

Viver com Deus é indubitavelmente correr um risco, porque o Senhor não Se contenta compartilhando; quer tudo. E aproximar-se d'Ele um pouco mais significa estar disposto a uma nova retificação
Contemplar o mistério
Entramos no tempo da Quaresma: tempo de penitência, de purificação, de conversão. Não é fácil tarefa. O cristianismo não é um caminho cómodo; não basta estar na Igreja e deixar que os anos passem. Na nossa vida, na vida dos cristãos, a primeira conversão - esse momento único, que cada um de nós recorda, em que advertimos claramente tudo o que o Senhor nos pede - é importante; mas ainda mais importantes e mais difíceis são as conversões sucessivas. É preciso manter a alma jovem, invocar o Senhor, saber ouvir, descobrir o que corre mal, pedir perdão.
Cristo que passa, 57

É necessário convencermo-nos de que Deus nos ouve, de que está sempre solícito por nós, e assim se encherá de paz o nosso coração. Mas viver com Deus é indubitavelmente correr um risco, porque o Senhor não Se contenta compartilhando; quer tudo. E aproximar-se d'Ele um pouco mais significa estar disposto a uma nova retificação, a escutar mais atentamente as suas inspirações, os santos desejos que faz brotar na nossa alma, e a pô-los em prática.
Cristo que passa, 58

Como concretizar o meu desejo de conversão?
De diferentes modos, mas sempre realizando obras de conversão, como por exemplo: Recorrer ao Sacramento da Reconciliação (Sacramento da Penitência ou Confissão), superar as divisões, perdoando e crescer em espírito fraterno; praticando as Obras de Misericórdia.

Contemplar o mistério
Aconselho-te que tentes voltar de vez em quando... ao começo da tua "primeira conversão", o que, se não é fazer-se como criança, é coisa muito parecida: na vida espiritual é preciso deixar-se levar com inteira confiança, sem medos nem duplicidades; tem de se falar com absoluta clareza do que se tem na cabeça e na alma.
Sulco, 145

Que obrigações tem um católico na Quaresma? Em que consiste o jejum e a abstinência? A quem obrigam? Pode mudar-se a prática do jejum e da penitência?
Os católicos devem cumprir o preceito da Igreja do jejum e da abstinência de carne (Compêndio do Catecismo 432): nos dias estabelecidos pela Igreja, assim como o da confissão e Comunhão anual. O jejum consiste em tomar uma única refeição no dia, embora se possa comer menos do que é costume de manhã e à noite. Exceto em caso de doença. Obriga a viverem a lei do jejum todos os maiores de idade, até terem cumprido cinquenta e nove anos de idade (cf. CIC, 1252). Abstinência significa privar-se de comer carne (vermelha ou branca e seus derivados). A lei da abstinência obriga os que tenham cumprido catorze anos de idade (cf. CIC, 1252). “A Conferência episcopal pode determinar mais pormenorizadamente a observância do jejum e da abstinência, e bem assim substituir outras formas de penitência, sobretudo obras de caridade e exercícios de piedade, no todo ou em parte, pela abstinência ou jejum.” (Código de Direito Canónico, 1253).

Contemplar o mistério
É preciso decidir-se. Não é lícito viver tentando manter acesas, como diz o povo, uma vela a S. Miguel e outra ao Diabo. É preciso apagar a vela do Diabo. Temos de consumir a vida fazendo-a arder inteiramente ao serviço do Senhor. Se o nosso empenho pela santidade é sincero, se temos a docilidade de nos abandonar nas mãos de Deus, tudo correrá bem. Porque Ele está sempre disposto a dar-nos a sua graça e, especialmente neste tempo, a graça de uma nova conversão, de uma melhoria da nossa vida de cristãos.
Cristo que passa, 59 

Qual o sentido de praticar o jejum e a abstinência?
Deve cuidar-se o viver o jejum ou a abstinência não como uns mínimos, mas como um modo concreto com que a nossa Mãe a Igreja nos ajuda a crescer no verdadeiro espírito de penitência.

Como já acontecia com os profetas, o apelo de Jesus à conversão e à penitência não visa primariamente as obras exteriores, «o saco e a cinza», os jejuns e as mortificações, mas a conversão do coração, a penitência interior: Sem ela, as obras de penitência são estéreis e enganadoras; pelo contrário, a conversão interior impele à expressão dessa atitude cm sinais visíveis, gestos e obras de penitência (cf. Jl 2,12-13; Is 1,16-17; Mt 6,1-6. 16-18).
Catecismo da Igreja Católica, 1430 

Contemplar o mistério
No Novo Testamento, Jesus refere a razão profunda do jejum, ao estigmatizar a atitude dos fariseus que observavam escrupulosamente as prescrições que a lei impunha, mas o coração deles estava longe de Deus. O verdadeiro jejum, repete noutra ocasião o divino Mestre, consiste antes em cumprir a vontade do Pai celestial, que “vê no segredo e te recompensará” (Mt 6,18).

Significado de Quaresma

O que é Quaresma:

Quaresma é a designação do período de quarenta dias que antecedem a principal celebração do cristianismo: a Páscoa, a ressurreição de Jesus Cristo, que é comemorada no domingo e praticada desde o século IV.
A Quaresma começa na Quarta-feira de Cinzas e termina no Domingo de Ramos, anterior ao Domingo de Páscoa. Durante os quarenta dias que precedem a Semana Santa e a Páscoa, os cristãos dedicam-se à reflexão, a conversão espiritual e se recolhem em oração e penitência para lembrar os 40 dias passados por Jesus no deserto e os sofrimentos que ele suportou na cruz.
Veja também o significado de Quarta-feira de Cinzas e Páscoa.
Durante a Quaresma a Igreja veste seus ministros com vestimentas de cor roxa, que simboliza tristeza e dor. A quarta feira de cinzas é um dia usado para lembrar o fim da própria mortalidade. É costume serem realizadas missas onde os fiéis são marcados na testa com cinzas. Essa marca normalmente permanece na testa até o pôr do sol. Esse simbolismo faz parte da tradição demonstrada na Bíblia, onde vários personagens jogavam cinzas nas suas cabeças como prova de arrependimento.
Na Bíblia, o número quarenta é bastante frequente, para representar períodos de 40 dias ou quarenta anos, que antecedem ou marcaram fatos importantes: 40 dias de dilúvio, quarenta dias de Moisés no Monte Sinai, 40 dias de Jesus no deserto antes de começar o seu ministério, 40 anos de peregrinação do povo de Israel, no deserto etc.
Cerca de duzentos anos após o nascimento de Cristo, os cristãos começaram a preparar a festa da Páscoa com três dias de oração, meditação e jejum. Por volta do ano 350 a Igreja aumentou o tempo de preparação para quarenta dias e foi assim que surgiu a Quaresma.

quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Solenidade de Santa Maria mãe de Deus


Como pano de fundo do nosso texto está, portanto, a ideia de que, com a chegada de Jesus, atingimos o centro do tempo salvífico… Em Jesus, a proposta libertadora que Deus tinha para nos oferecer veio ao nosso encontro e materializou-se no meio dos homens; o próprio nome (“Jesus” significa “Jahwéh salva”) que foi dado ao menino, por indicação do anjo que anunciou o seu nascimento, aponta nesse sentido. Por outro lado, o facto de essa “boa notícia” ser dada, em primeiro lugar, aos pastores (classe marginalizada, considerada impura, pecadora e muito longe de Deus e da salvação) significa que a proposta de Jesus se destina, de forma especial, aos pobres e marginalizados, àqueles que a teologia oficial excluía e condenava. Diz-lhes que Deus os ama, que conta com eles e que os convoca para fazer parte da sua família.
Definida a questão essencial, atentemos nas atitudes dos intervenientes e na forma como eles respondem à chegada de Jesus…
Em primeiro lugar, repare-se como os pastores, depois de escutarem a “boa nova” do nascimento do libertador, se dirigem “apressadamente” ao encontro do menino. A palavra “apressadamente” sublinha a ânsia com que os pobres e os marginalizados esperam a acção libertadora de Deus em seu favor. Aqueles que vivem numa situação intolerável de sofrimento e de opressão reconhecem Jesus como o único salvador e apressam-se a ir ao seu encontro. É d’Ele e de mais ninguém que brota a libertação por que os oprimidos anseiam. A disponibilidade de coração para acolher a sua proposta é a primeira coisa que Deus pede.
Em segundo lugar, repare-se como os pastores reagem ao encontro com Jesus… Começam por glorificar e louvar a Deus por tudo o que tinham visto e ouvido: é a alegria pela libertação que se converte em acção de graças ao Deus libertador. Depois, esse louvor torna-se testemunho: quem faz a experiência do encontro com Deus libertador tem, obrigatoriamente, de dar testemunho, a fim de que os outros homens possam participar da mesma experiência gratificante.
Finalmente, atentemos na atitude de Maria: ela “conservava todas estas palavras, meditando-as no seu coração”. É a atitude de quem é capaz de abismar-se com as acções do Deus libertador, com o amor que Ele manifesta nos seus gestos em favor dos homens. “Observar”, “conservar” e “meditar” significa ter a sensibilidade para entender os sinais de Deus e ter a sabedoria da fé para saber lê-los à luz do plano de Deus. É precisamente isso que faziam os profetas.
A atitude meditativa de Maria, que interioriza e aprofunda os acontecimentos, complementa a atitude “missionária” dos pastores, que proclamam a acção salvadora de Deus, manifestada no nascimento de Jesus. Estas duas atitudes definem duas coordenadas essenciais daquilo que deve ser a existência do crente.

A reflexão pode partir dos seguintes elementos:

• No Evangelho que, hoje, nos é proposto fica claro o fio condutor da história da salvação: Deus ama-nos, quer a nossa plena felicidade e, por isso, tem um projecto de salvação para levar-nos a superar a nossa fragilidade e debilidade; e esse projecto foi-nos apresentado na pessoa, nas palavras e nos gestos de Jesus. Temos consciência de que a verdadeira libertação está na proposta que Deus nos apresentou em Jesus e não nas ideologias, ou no poder do dinheiro, ou na posição que ocupamos na escala social? Porque é que tantos dos nossos irmãos vivem afogados no desespero e na frustração? Porque é que tanta gente procura “salvar-se” em programas de televisão que lhes dê uns minutos de fama, ou num consumismo alienante? Não será porque não fomos capazes de lhes apresentar a proposta libertadora de Jesus?

• Diante da “boa nova” da libertação, reagimos – como os pastores – com o louvor e a acção de graças? Sabemos ser gratos ao nosso Deus pelo seu amor e pelo seu empenho em nos libertar da escravidão?

• Os pastores, após terem tomado contacto com o projecto libertador de Deus, fizeram-se “testemunhas” desse projecto. Sentimos, também, o imperativo do testemunho? Temos consciência de que a experiência da libertação é para ser passada aos nossos irmãos que ainda a desconhecem?

• Maria “conservava todas estas palavras e meditava-as no seu coração”. Quer dizer: ela era capaz de perceber os sinais do Deus libertador no acontecer da vida. Temos, como ela, a sensibilidade de estar atentos à vida e de perceber a presença – discreta, mas significativa, actuante e transformadora – de Deus, nos acontecimentos mais ou menos banais do nosso dia a dia?