domingo, 11 de outubro de 2009

A MÃE DO ROSÁRIO




São Bernardo, na oração que compôs e que toda a Igreja reza com freqüência e que todos nós aprendemos e rezamos, lembra a nossa condição de exilados: “a vós bradamos degredados filhos e Eva, gemendo e chorando neste vale de lágrimas.”

A invocação à Mãe de Deus remonta aos Evangelhos, quando São João, presente como os outros discípulos na bodas de Caná, ouviu a súplica de Maria ao seu Filho: “Eles não tem mais vinho” . E as talhas se encheram de vinho, de tal qualidade, que o Mestre de Cerimônias advertiu os noivos que o deixaram para servir no final da festa.
 
As primeiras comunidades cristãs viram a Mãe de Deus orar com os discípulos no nascimento da Igreja em Pentecostes. E, logo nos primeiros séculos, todas as igrejas do Oriente e do Ocidente imploravam seu auxílio, colocando-se sob sua proteção: “À vossa proteção recorremos, Santa Mãe de Deus, não desprezeis nossas suplicas nas nossas necessidades, mas livrai-nos de todos os perigos, ó Virgem gloriosa e bendita”

Numa das catacumbas de Roma, a de Santa Priscila, corroída pelo tempo e pelas condições do lugar, pode-se ver, desde o tempo das perseguições do 2º e 3° séculos, a imagem de Maria a nutrir o seu Filho ao seio, símbolo da confiança que os cristãos devotavam à Maria, a quem confessavam como a Mãe de Deus, atestada nas primeiras declarações conciliares, em Efeso, no ano de 431.

Com efeito, na cruz, Jesus nô-la confirmou como nossa mãe: “Filho, eis aí a tua mãe.’ E desde aquela hora, o discípulo a recebeu em sua casa ( Jo 19, 26-27).

Nós, cristãos, desde os albores da nossa fé, pela nossa devoção, realizamos a profecia cantada por Maria no “Magnificat”, o hino de louvor a Deus, em resposta à saudação DE Isabel: ”Doravante todas as nações me chamarão bem-aventurada” (Lc 1,48).

E neste espírito, a comunidade cristã jamais deixou de exaltar a Mãe de Deus e de invocar sua intercessão em todos os seus caminhos, especialmente diante dos perigos pessoais e de toda a Igreja.

No correr dos tempos foram se formando as diversas formas de invocação, nos cantos litúrgicos e populares especialmentg nos santo rosário, rezado nos casebres humildes e nas catedrais e santuários erguidos em seu louvor e para a gloria de Deus.

Enquanto nossos dedos perpassam as contas como os velhos pastores nas noites de vigília para livrar o rebanho dos lobos vorazes, nossos lábios sussuram as ave-marias e nosso espírito se volta para o mistério da redenção, que nos livra das fauces do demônio, dando-nos a vida e a paz no sangue de Cristo.

O rosário é a Bíblia dos simples de coração. Por meio dela a Palavra de Deus impregna nossa alma, como do murmúrio dos pastores recordando as memórias da presença de Deus fora se formando a Tradição e a Bíblia e a esperança da salvação.

Pelas mãos de Maria vamos caminhando neste vale de lágrima rumo ao céu, sob o olhar da Virgem, até atingirmos a visão beatífica: mostrai-nos Jesus, bendito fruto do vosso ventre, ó clemente, ó piedosa, o doce Vigem Maria.

Por: DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO

ARCEBISPO EMÉRITO DE JUIZ DE FORA, MG.

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