segunda-feira, 1 de setembro de 2014

A FLOR DA HONESTIDADE

Conta-se que, por volta do ano 250, na China, um príncipe da região norte do País estava às vésperas de ser coroado Imperador. Mas, de acordo com a lei, ele deveria se casar.Sabendo disso, resolveu fazer um “jogo” entre as jovens da corte ou quem quer que se achasse digno da sua proposta.No dia seguinte, o príncipe anunciou que receberia todas as pretendentes numa celebração especial e lançaria um desafio. Uma velha senhora, serva do palácio há muitos anos, ouvindo os comentários sobre os preparativos, sentiu uma leve tristeza, pois sabia que a sua filha nutria um sentimento de profundo amor pelo jovem príncipe. Ao chegar a casa, relatando o facto à filha, espantou-se ao saber que ela pretendia ir à celebração; e indagou, incrédula:- Minha filha,o que farás tu lá ? Tira essa idéia insensata da cabeça. Sei que deves estar sofrendo, mas não tornes o sofrimento numa loucura.

A jovem respondeu:- Não, querida mãe, não estou sofrendo, e muito menos louca. Sei que jamais poderei ser a escolhida, mas será a minha oportunidade de ficar pelo menos alguns momentos perto do meu amado. Só isso já me torna feliz.

À noite a jovem chegou ao palácio. Lá estavam, de fato, todas as mais belas moças, com as mais lindas roupas, as mais deslumbrantes jóias e as mais determinadas intenções. Então, finalmente, o príncipe anunciou o desafio:

- Darei a cada uma de vocês uma semente. Aquela que, dentro de seis meses, me trouxer a mais bela flor, será escolhida para minha esposa e futura Imperatriz da China.A proposta do príncipe não fugiu às profundas tradições daquele povo, que valorizava muito a faculdade de “cultivar” algo. O tempo passou, e a doce jovem, como não tinha muita habilidade nas artes da jardinagem, cuidava da sua semente com muita paciência e ternura, pois sabia que, se a beleza da flor surgisse na proporção do seu amor, ela não precisaria preocupar-se com o resultado.Passaram-se três meses e nada brotou.
A jovem tudo tentara, usara de todos os métodos que conhecia, mas em vão. Por fim, os seis meses se passaram sem que nenhuma planta tivesse surgido.Consciente do seu esforço e dedicação, a moça comunicou à mãe que, independentemente das circunstâncias, voltaria ao palácio, na data e hora combinadas, pois não pretendia nada além de mais alguns momentos na companhia do príncipe. Na hora marcada ela estava lá, com o seu vaso vazio, no meio de todas as outras pretendentes, cada uma com uma flor mais bela do que a outra, das mais variadas formas e cores. A jovem estava admirada: nunca havia presenciado cena tão bela. Finalmente, chegou o momento esperado, e o príncipe observou cada uma das pretendentes com muito cuidado e atenção.Após passar por todas, uma a uma, ele anunciou o resultado e indicou a filha da velha senhora como sua futura esposa. As pessoas presentes tiveram as mais inesperadas reacções. Ninguém compreendeu porque ele havia escolhido justamente aquela que nada havia cultivado. Então calmamente, o príncipe esclareceu:- Esta foi a única que cultivou a flor que a tornou digna de se tornar uma Imperatriz: a flor da honestidade. Pois todas as sementes que entreguei eram estéreis.

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